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Netshoes x Centauro

12 de março 2020

A superintendência do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aceitou um pedido da Netshoes e fará da empresa interveniente do acordo que fará com que a Nike no Brasil seja comandada pela Centauro. Segundo a análise do órgão, há o risco de a Centauro ser favorecida na distribuição de produtos. Para evitar isso, a Netshoes poderá acompanhar o processo de análise antitruste do acordo dentro do Cade. A ideia é fazer com que não haja privilégio à Centauro na venda de produtos da marca.

Marca própria é o novo sócio-torcedor

03 de janeiro 2020

O futebol brasileiro é capaz de encontrar algumas soluções curiosas para aumentar o faturamento e criar um modelo de negócios únicos em todo o mundo.

Depois da invenção do sócio-torcedor, uma alternativa encontrada pelos clubes para ter receita recorrente além da venda de ingressos, achamos um caminho para os times faturarem mais com a venda de camisas de jogo.

O resultado do Coritiba em sua rede de lojas oficiais no mês de dezembro é mais uma prova de que ter uma marca própria faz toda a diferença para os clubes. Os desempenhos recentes de Bahia e Fortaleza, a adoção do mesmo modelo pelo Ceará e o próprio estudo que o Cruzeiro faz para seguir esse caminho mostram que a solução para boa parte do futebol brasileiro está nessa centralização da venda de uniformes.

Assim como na questão do sócio-torcedor, o projeto de ter a marca própria, porém, só dá certo por ser uma solução que atende as especificidades de nosso mercado. E é isso o que há de mais legal na história.

Temos entendido que não adianta importar modelos existentes lá fora, por mais bem-sucedidos que eles sejam, se o mercado local não atende a essa demanda. O sócio-torcedor era o melhor exemplo.

Não temos a cultura, no Brasil, de fazer a compra adiantada de um serviço. Já nos anos 90 tentamos implementar a venda de carnê de ingressos para a temporada do futebol, como acontece na Europa e nos EUA, e fracassamos retumbantemente.

A solução do sócio-torcedor é fantástica. Na cabeça do consumidor brasileiro, é melhor pagar um valor fixo por mês para ter preferência para comprar um ingresso quando for a hora de ir para um jogo do que pagar antecipadamente e depois não ir ao evento.

No final das contas, o programa de sócios virou receita extra para além do ingresso…

Com a marca própria, a lógica é a mesma. Temos um país de dimensões continentais. As fornecedoras não conseguem abastecer o mercado todo. Além disso, os clubes são muito fortes localmente, mas têm apelo de venda nacionalmente. Pequeno, mas mesmo assim ainda possuem.

Com a gestão própria da marca, os clubes fazem da venda on-line a certeza de atender a seu torcedor onde ele estiver. E, com as lojas próprias na região onde há a maior concentração de vendas, conseguem abastecer o torcedor melhor que o fabricante que vende peças para o país inteiro.

Daqui a pouco, a marca própria vai se transformar em solução para diversos clubes pequenos da Europa. O jeitinho brasileiro, quando bem aplicado, é excelente

Por Erich Beting
diretor executivo da Máquina do Esporte