A Secretaria do Meio Ambiente (Sema) e o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) concluíram, no último sábado (3), uma operação de fiscalização realizada no período de 12 dias no Cerrado baiano, o segundo maior bioma da América do Sul. Intitulada como Mata do Guará, em referência ao maior canídeo da América do Sul [o lobo-guará], a operação, iniciada em 23 de julho, teve como objetivo combater o desmatamento ilegal e crimes ambientais em sete municípios da região Oeste, totalizando mais de 3.000 hectares de alertas fiscalizados com o uso de tecnologias avançadas de monitoramento. Em campo, as equipes contaram com o apoio tático da Companhia Independente de Policiamento de Proteção Ambiental (CIPPA).
“Foram doze dias de campo inspecionando propriedades rurais nos municípios de Angical, Barreiras, Formosa do Rio Preto, Luís Eduardo Magalhães, Riachão das Neves, Santa Rita de Cássia e São Desidério, todos inseridos na porção baiana correspondente ao MATOPIBA. Cada área inspecionada foi previamente mapeada pelos técnicos, facilitando o trabalho em campo. Para isso, utilizamos o apoio do sensoriamento remoto e alertas emitidos, entre janeiro e junho de 2024, pela plataforma RedeMAIS [Sistema de Monitoramento Florestal do Governo Federal]”, explicou o diretor de Fiscalização do Inema, Eduardo Farias Topázio.
Entre os alertas fiscalizados, distribuídos em mais de 40 imóveis rurais cadastrados no Cadastro Estadual Florestal de Imóveis Rurais (CEFIR), aproximadamente 45% apresentaram alguma irregularidade quanto à supressão da vegetação nativa.
Miguel Calmon, coordenador de Fiscalização do Inema, detalhou a operação destacando as várias frentes de atuação. “Foram lavrados mais de 15 autos de infração, determinando a paralisação da atividade de supressão em virtude das irregularidades observadas em campo. Nas propriedades fiscalizadas com autorização de supressão de vegetação nativa emitida pelo Inema, verificamos o cumprimento dos condicionantes das respectivas Portarias”, disse.
O coordenador explica ainda que, paralelamente à fiscalização florestal, também foi realizada a fiscalização dos usos dos recursos hídricos, tanto superficiais quanto subterrâneos, nas propriedades rurais. “Em alguns imóveis, constatou-se a captação sem a respectiva outorga. Nos casos em que houve apresentação das outorgas, os técnicos verificaram o cumprimento das condicionantes, incluindo a instalação dos medidores de vazão, conforme exigido pelo Inema”, afirmou Miguel.
A operação visa garantir o cumprimento da legislação ambiental e fortalecer a proteção ambiental no Oeste da Bahia, região onde predomina o bioma Cerrado. Com várias frentes de atuação, as equipes multidisciplinares estão preparadas para avaliar e tomar as medidas necessárias para interromper possíveis crimes ambientais.
Sobre o Cerrado
O Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul, ocupando cerca de 22% do território nacional, principalmente na região Centro-Oeste. Conhecido como savana brasileira, possui uma grande biodiversidade e importância social, cultural, econômica e ambiental. No Cerrado encontram-se as nascentes das três maiores bacias hidrográficas do Brasil (Amazônica/Tocantins, São Francisco e Prata) e o aquífero Urucuia. É habitat de muitas espécies, como a aroeira, braúna, arnica, tamanduá-bandeira e o lobo-guará, este último ameaçado de extinção e que dá nome à operação.