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Como Argentina, Brasil pode ter cota para trans e travestis nas empresas

11 de agosto 2021

Em São Paulo, uma petição pública pedindo a mesma porcentagem de reserva de vagas para cargos públicos nos três poderes está perto de bater a meta de 35 mil assinaturas e ser enviada para discussão na Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo).

As duas propostas tentam corrigir uma realidade dura: o Brasil é o país que mais mata pessoas trans no mundo e, segundo a Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), 90% das mulheres trans estão fora do mercado formal de trabalho e que, por isso, recorrem à prostituição. Mas, afinal, reservar 3% dos postos de trabalho, seja dos cargos públicos, seja de empresas ligadas ao governo, pode reverter este cenário? Especialistas ouvidas por Universa acreditam que sim.

“Hoje, o número de trans e travestis nestes cargos está perto de zero. Eu desconheço que existam na magistratura ou na Defensoria Pública, por exemplo. Quando existe uma cota, você estimula que pessoas T alcancem estes lugares e, inevitavelmente, levem suas visões de mundo para as tomadas de decisão, o que pode influenciar na criação de políticas públicas”, diz Amanda Souto Baliza, advogada e presidente da Comissão de Diversidade Sexual e de Gênero da OAB-GO — a primeira advogada trans a ocupar este cargo na OAB em todo o país.

Erica Malunguinho, primeira mulher trans a ocupar uma cadeira na Alesp, e Ornella Infante, primeira mulher trans candidata ao Congresso da Argentina, concordam: este pode ser o pontapé inicial para reduzir a desigualdade entre pessoas trans e cisgênero no Brasil.